Quando eu tinha dez anos de idade, acampei com meu pai e alguns amigos numa pequena ilha fluvial, em Goiás. Foram dois dias de aventura em um lugar paradisíaco. À noite, antes do repouso, preparamos uma fogueira para nos proteger do frio e das onças. A certa altura da madrugada, acordei assustado e disse a meu pai: “A fogueira se apagou!” Ele pulou da rede e se agachou perto de um monte de cinzas. Eu também fiz a mesma coisa. Então, começamos a remover parte das cinzas e, para nossa surpresa, um pedaço de carvão deu uma “piscadinha”. Com um forte assopro, reanimamos aquele pontinho avermelhado, que, à semelhança de uma vela, fulgurou timidamente até se tornar uma chama estável, sobre a qual colocamos alguns gravetos. Adicionamos lenha e a fogueira voltou a iluminar o ambiente.
Entre o povo adventista, alguns se parecem com um monte de cinzas. São apáticos e mornos. Como provar isso?
1. Desinteresse pelas reuniões de culto. A alegação de que muitos estudam à noite não é argumento sólido para explicar o reduzido número de adoradores nas reuniões de quarta-feira. Também não convence a afirmação de que os cultos não são atrativos. Não precisamos de excitamento e novidade, mas de espírito humilde e reverente na presença do Senhor. Não existe testemunho sem o brilho de um caráter moldado pelo poder divino.
Tanto nos domingos quanto nas quartas-feiras, muitos membros da igreja ficam eletrizados diante do televisor. Alguns assistem a todos os tipos de programa, sem nenhuma censura moral. Alimentam- se dos rios das baixadas e não dos rios do planalto, como diz Ellen G. White. Por esse motivo, a conversação dessas pessoas é frívola, destituída de valores espirituais. Para esses irmãos indiferentes, o conselho bíblico é: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10:25).
2. Bíblias emboloradas. Muitos adventistas nem se lembram da última vez em que leram a Bíblia. O Livro Sagrado está embolorado numa estante ou gaveta. No entanto, jornais, revistas e outras publicações têm lugar de destaque na sala ou no quarto. Conheço pessoas que sabem apenas dois versos da Bíblia: “O Senhor é o meu pastor” e “Jesus chorou”, inclusive por elas, por serem tão indiferentes para com Sua carta de amor.
3. Mundanismo. A igreja só está segura no mundo quando o mundo não está dentro dela. Mas não foi isso que Ellen G. White viu na igreja em geral, na assembleia realizada em Battle Creek, Michigan, em 1856. Ela escreveu:
“Foi-me mostrada a conformidade de alguns professos observadores do sábado para com o mundo. Oh, vi que era uma desgraça à sua profissão, uma desgraça à causa de Deus. Desmentem sua profissão. Julgam que não são como o mundo, mas dele tanto se aproximam no vestuário, na conversação ou nos atos, que não há diferença” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 131).
Mundanismo é apego às coisas materiais, exibicionismo, orgulho, adoção de um estilo de vida pautado pelos padrões culturais, ambição de poder, mesmo na obra de Deus, usando dinheiro sagrado para fins promocionais. Ellen G. White pergunta: “Por que é tão difícil viver de maneira abnegada e humilde? Porque os professos cristãos não estão mortos para o mundo” (ibid.).
4. Falta de testemunho. Quando nossa vida espiritual fica reduzida a um punhado de cinzas, não estamos aptos para testemunhar. Não existe testemunho sem o brilho de um caráter moldado pelo poder divino. Portanto, precisamos remover as cinzas do superficialismo religioso, a fim de que nossa luz volte a brilhar com intensidade e poder. O conselho dado aos efésios é oportuno para cada um de nós: “Outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8).
Se andarmos na luz, teremos interesse nas reuniões da igreja. Se andarmos na luz, nossa Bíblia não ficará embolorada. Se andarmos na luz, os prazeres e as coisas temporais não nos prenderão a este mundo. Se andarmos na luz, nosso testemunho será uma força para o bem.
Ó Deus, remove as cinzas que encobrem a humilde centelha que, graças à Tua misericórdia, ainda existe em nosso coração. Aviva-a com Teu sopro poderoso e transforma nossa vida numa fogueira flamejante. Amém!
Rubens Lessa
é editor da
Revista Adventista.
rubens.lessa@cpb.com.br
Entre o povo adventista, alguns se parecem com um monte de cinzas. São apáticos e mornos. Como provar isso?
1. Desinteresse pelas reuniões de culto. A alegação de que muitos estudam à noite não é argumento sólido para explicar o reduzido número de adoradores nas reuniões de quarta-feira. Também não convence a afirmação de que os cultos não são atrativos. Não precisamos de excitamento e novidade, mas de espírito humilde e reverente na presença do Senhor. Não existe testemunho sem o brilho de um caráter moldado pelo poder divino.
Tanto nos domingos quanto nas quartas-feiras, muitos membros da igreja ficam eletrizados diante do televisor. Alguns assistem a todos os tipos de programa, sem nenhuma censura moral. Alimentam- se dos rios das baixadas e não dos rios do planalto, como diz Ellen G. White. Por esse motivo, a conversação dessas pessoas é frívola, destituída de valores espirituais. Para esses irmãos indiferentes, o conselho bíblico é: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10:25).
2. Bíblias emboloradas. Muitos adventistas nem se lembram da última vez em que leram a Bíblia. O Livro Sagrado está embolorado numa estante ou gaveta. No entanto, jornais, revistas e outras publicações têm lugar de destaque na sala ou no quarto. Conheço pessoas que sabem apenas dois versos da Bíblia: “O Senhor é o meu pastor” e “Jesus chorou”, inclusive por elas, por serem tão indiferentes para com Sua carta de amor.
3. Mundanismo. A igreja só está segura no mundo quando o mundo não está dentro dela. Mas não foi isso que Ellen G. White viu na igreja em geral, na assembleia realizada em Battle Creek, Michigan, em 1856. Ela escreveu:
“Foi-me mostrada a conformidade de alguns professos observadores do sábado para com o mundo. Oh, vi que era uma desgraça à sua profissão, uma desgraça à causa de Deus. Desmentem sua profissão. Julgam que não são como o mundo, mas dele tanto se aproximam no vestuário, na conversação ou nos atos, que não há diferença” (Testemunhos Para a Igreja, v. 1, p. 131).
Mundanismo é apego às coisas materiais, exibicionismo, orgulho, adoção de um estilo de vida pautado pelos padrões culturais, ambição de poder, mesmo na obra de Deus, usando dinheiro sagrado para fins promocionais. Ellen G. White pergunta: “Por que é tão difícil viver de maneira abnegada e humilde? Porque os professos cristãos não estão mortos para o mundo” (ibid.).
4. Falta de testemunho. Quando nossa vida espiritual fica reduzida a um punhado de cinzas, não estamos aptos para testemunhar. Não existe testemunho sem o brilho de um caráter moldado pelo poder divino. Portanto, precisamos remover as cinzas do superficialismo religioso, a fim de que nossa luz volte a brilhar com intensidade e poder. O conselho dado aos efésios é oportuno para cada um de nós: “Outrora, éreis trevas, porém, agora, sois luz no Senhor; andai como filhos da luz” (Ef 5:8).
Se andarmos na luz, teremos interesse nas reuniões da igreja. Se andarmos na luz, nossa Bíblia não ficará embolorada. Se andarmos na luz, os prazeres e as coisas temporais não nos prenderão a este mundo. Se andarmos na luz, nosso testemunho será uma força para o bem.
Ó Deus, remove as cinzas que encobrem a humilde centelha que, graças à Tua misericórdia, ainda existe em nosso coração. Aviva-a com Teu sopro poderoso e transforma nossa vida numa fogueira flamejante. Amém!
Rubens Lessa
é editor da
Revista Adventista.
rubens.lessa@cpb.com.br